Já
não é de hoje o anúncio da crise e do mal-estar moderno, exemplos de: Kark
Marx, Nietzche, Heidegger, Benjamim, Horkheimer, Adorno, Marcuse, Michel
Foucault, Guy Debord, Francoise Lyotard, Joseph Fontana, Fredric Jamesson, Eric
Hobsbawn, Boaventura de
Sousa Santos, Marilena Chauí,
Zygmunt Bauman, Baudrillard, Eisenberg, Slavoj Zizek, Lipovetsky, Marc Augé,
dentre outros.
Em
linhas gerais, todos apontam a falência do
mundo tido como civilizado, de um modelo civilizacional que prometia a
equidade, a felicidade, a paz. Todos também apontam que essa falência é apenas
em parte de fato uma falência. Qual falência?
A
criação de uma sociedade desorientada – termo utilizado por Jean Lipovetsky e
Jean Serroy –, é o espetáculo impávido do projeto moderno civilizatório ruindo,
desmoronando com todas as suas bandeiras. De forma atônita, vê-se a criação de um webmundo, do cyberespaço, da
indefinição entre tempo e espaço, da escala crescente da violência, de uma
crise alimentar mundial estruturante, das crises econômicas, do
afloramento do hipercapitalismo, do hiperindividualismo, da
hipertecnicização, do hiperconsumismo .
No
entanto, em meio a essa guerra civil molecular – termo utilizado por Einsenberg
–, e mesmo nas crises capitalistas, existe no horizonte algum projeto de
substituição de um capital globalizado por outro modelo mais racional de
economia e vida social? Resposta: não.
Logo,
a desorientação da sociedade é ao mesmo tempo o desdobramento de um modelo
humanista falido, e a capacidade do capital de se adequar também a esta crise.
O capitalismo foi um projeto moderno responsável pela modernidade, segundo Marx; para Weber, uma extensão deste projeto.
A
crise humanista não foi provocada pelo capital, mas o capital se beneficia da
crise, afinal, em meio a uma confusão e à indefinição para onde se segue, continuam os processos
crescentes de acumulação de riqueza, a desigualdade entre hemisférios; o Norte
é rico, o Sul, com exceção da Nova Zelândia, Austrália, o resto ainda
que apresenta sinais de crescimento, casos como os do Brasil e África do Sul,
possuem grandes faixas de pobreza.
Enquanto
não houver melhorias significativas na distribuição da riqueza
global, no problema de abastecimento de água, na melhoria das condições de vida
global, no acesso à educação e à informação, na redefinição da concepção de
política, não haverá segurança no mundo e a sociedade continuará desorientada,
afinal, perdemos a identidade de quem nós somos, substituímo-la pelo referente
do consumo. Somos espectro de nós mesmos, como diria Baudrillard, meros
simulacros.
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