Eu já contei aqui neste blog no ano passado quando fui convidado
para ministrar uma palestra no município de São José de Ribamar,
pertencente à ilha de São Luís, sobre a relação entre literatura e história, e
do quanto gostei da experiência.
Pois é, se repetiu. Dessa vez numa escola da zona rural de
São Luís, a Mário Martins Meireles, nome do maior historiador maranhense de
todos os tempos. A experiência foi igualmente fascinante. Adoro falar para
adolescentes.
Levei uns slides sobre a produção literária maranhense,
um pouco da história e 6 exemplares do meu livro (Uma Athenas Equinocial)
para presentear quem acertasse minhas perguntas. Voltei sem um livro para casa.
Era uma forma de prender e chamar a atenção deles.
Fiz o percurso da aventura das letras no Maranhão,
influências, estilos dos nossos escritores e o quanto eles foram importantes
para a formação de gerações inteiras de pessoas induzidas a serem poetas. Não
adentrei na tradição, na invenção das tradições, no quanto o exercício de
invenção da memória e da história serve a diferentes propósitos, inclusive para
referendar dizibilidade de um lugar ou identidade; o que me interessava era
levá-los a imaginar o papel da literatura.
Quando terminei a palestra, começaram as perguntas. A
curiosidade não se deteve sobre o conteúdo, acho que não gostaram da
palestra ou do palestrante, foram direto sobre o ato de escrever. O que leva um
escritor a escrever? Como eu havia escrito aquele livro? Como ter ideias? Assim
por diante.
Senti-me em casa. Vi-me exatamente na idade deles quando
tudo em mim era dúvida, ainda hoje tenho algumas, no entanto, eu poderia com
minha pouca experiência de escritor passar para eles como tudo começou.
Narrei um pouca da minha trajetória na graduação e pós até
chegar na ideia do blog. Contei como as ideias surgem em mim, como
tenho sempre em mãos um caderno e uma caneta e anoto tudo o que me vem à mente.
Disse que tudo pode virar um texto e texto literário, que não desperdiçassem ideias e
palavras, que escrevessem sobre tudo, tudo o que viesse à mente e sobretudo,
lessem bastante. Para escrever é preciso ler, ler o mundo, inclusive.
Eles renovaram minha esperança de que escrever é antes de
tudo uma atividade de amor à vida.
Obrigado alunos do colégio Mário Meireles e a João Batista
pelo convite.
Eu disse inclusive que aquela experiência iria virar uma
crônica. Viram? Tudo pode virar um texto.
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